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Aporofobia? Vila Velha proíbe carrinhos de catadores de reciclados

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Foto e texto: Douglas Dantas.


Uma lei municipal publicada hoje (28) está gerando polêmica com acusações de possível aporofobia por parte da administração municipal.


Aporofobia* - Repúdio, aversão ou desprezo pelos pobres ou desfavorecidos; hostilidade para com pessoas em situação de pobreza ou miséria. [Do grego á-poros, ‘pobre, desamparado, sem recursos’ + -fobia.]


Publicada no Diário Oficial do Município neste 28 de março, a lei 6803 de autoria do executivo municipal proíbe "a circulação de carrinhos movidos à propulsão humana, utilizados na coleta de resíduos sólidos, recicláveis, em determinadas áreas do município".


Na descrição, a Lei especifica esses locais sendo todo o centro de Vila Velha; nas proximidades dos terminais de transporte público; em todas as vias urbanas arterial, coletora e na orla, além das rodovias na área rural.


Quem descumprir está sujeito à apreensão do carrinho, pagamento de multa de até 100 VPRTMs e pagamento dos custos da remoção e guarda do carrinho.


Análise


Nossa equipe buscou o advogado Gustavo Minervino, Presidente da Comissão de Cidadania e Advocacia Popular da OAB/ES para comentar sobre a nova legislação.


"A legislação praticamente acaba com a função dos "catadores". Proibir a circulação onde mais circulam é a prova maior da intenção da Lei, pois neste raio estipulado, estão localizados os depósitos de reciclagem" analisa Minervino.


"Seria melhor ordenar o uso, educar, estabelecer horários para circulação, mas nunca proibir. Catadores têm função essencial para a cidade, mesmo sendo eles tratados à margem. A gestão, ao que parece, não compreende dessa forma. Os catadores têm a sua função social e ajudam a cidade exercendo o seu papel de reciclador".


O advogado ainda destaca que essa atitude terá impacto direto na segurança pública. "A legislação municipal analisada junto ao contexto nacional que envolve a desaceleração econômica, que se reflete num aumento do desemprego, pode levar a aumentos crescentes da criminalidade, independentemente de qual grupo é afetado pela piora do mercado de trabalho, jovens ou adultos, com ensino fundamental ou médio incompleto. No caso dos catadores, pessoas em situação de vulnerabilidade social".


*Dicionário da ABL.

2 comentários


Paulo Emmerich
Paulo Emmerich
31 de mar. de 2023

Poderiam não proibir mas, regulamentar o deslocamento e paradas pelas ruas conforme também deveriam fazer os veiculos. Ônibus param onde querem obstruindo o fluxo. Carros em locais proibidos e na contramão. Vide Rua Niterói, em Itapoã. Os catadores trafegam na contramão e já me deparei com eles várias vezes com risco de colisão.

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Wellington (Wellington)
Wellington (Wellington)
30 de mar. de 2023

Ao invés de proibir, a prefeitura e câmara deveriam criar projetos sociais para pelo menos, amenizar o problema dos moradores de rua no município. Cuida de gente com pensamento de elite.

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