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Comunidade e ambientalistas se unem contra concessão do Parque Estadual Paulo César Vinha




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Moradores, ambientalistas e representantes comunitários se reuniram nesta terça-feira (12) no Museu Vivo, na Barra do Jucu, para discutir a possível concessão do Parque Estadual Paulo Cesar Vinha e outras cinco unidades de conservação do Espírito Santo. (Veja vídeo)


O encontro refletiu o descontentamento com o decreto de concessão assinado pelo governador Renato Casagrande, que os participantes consideram ilegal. Para os presentes, o aparente descuido da Secretaria de Meio Ambiente (Seama), gerida pelo secretário Felipe Rigoni, com as unidades de conservação, é uma estratégia para justificar o que eles avaliam ser uma privatização dos parques.


O debate sobre a concessão dos parques foi inicialmente levantado pelos servidores do IEMA, com o apoio do Sindipúblicos, e, posteriormente, contou com o engajamento de diversas entidades da sociedade civil.


Memória de Paulo César Vinha: luta pela preservação


O depoimento de Lígia Viana, viúva do biólogo Paulo César Vinha, em recente audiência pública na Assembleia Legislativa comoveu todos os presentes. Paulo foi assassinado em 1993, enquanto lutava pela preservação da área que hoje abriga o parque que leva seu nome. Lígia recordou seu marido ao criticar o abandono do parque, ressaltando:


“Tudo o que doei de Paulo, ninguém sabe onde está. Nem a placa de homenagem feita por um artista existe mais. Sou totalmente contra. Paulo nunca aceitaria isso. Precisamos de investimentos no Parque para proteção, não exploração”

Ela também fez duras críticas à falta de servidores e infraestrutura, além de se posicionar contra a concessão do parque, afirmando que o legado de seu marido não está sendo adequadamente preservado. Ao invés disso, o parque enfrenta incêndios frequentes e degradação contínua.



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Entre os principais problemas apontados no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha estão a presença insuficiente de guardas ambientais (apenas três para uma vasta extensão), e ameaças constantes de caçadores e areeiros. Embora a Petrobrás tenha destinado quase seis milhões de reais para a construção de uma nova sede no local em julho do ano passado, os recursos ainda não foram aplicados, o que, segundo os manifestantes, pode estar sendo adiado para coincidir com a concessão da área à iniciativa privada.


O ex-deputado estadual Claudio Vereza relembrou que essa não é a primeira vez que a população se mobiliza para proteger o Parque Paulo Cesar Vinha. Em diversas ocasiões, houve tentativas de transformar o local em área de condomínios, mas a resistência popular preservou a unidade, que é habitat de espécies da fauna e flora, algumas ameaçadas de extinção.



A falta de cuidado com a biodiversidade do parque é motivo de preocupação entre os ambientalistas. Neste ano, por exemplo, dois veados morreram dentro da área do parque e outras espécies, como tamanduás e cachorros do mato, têm sido encontradas mortas ou atropeladas. As plantas exóticas invasoras também se proliferam, sem controle aparente.



As críticas se estendem aos gastos da Seama, que recentemente contratou uma consultoria financeira da Ernest & Young ao custo de R$ 8 milhões, uma quantia que os ambientalistas consideram excessiva, especialmente em comparação com o pouco investimento em manutenção das unidades de conservação.


A comunidade questiona a origem dos recursos para essa consultoria e cobra respostas da Seama e do governo estadual. Para os moradores, o futuro do Parque Estadual Paulo Cesar Vinha é incerto, e o grupo promete seguir na luta para impedir a concessão da área.


A sociedade civil organizada criou um “Manifesto contra a Concessão de Unidades de Conservação do Espírito Santo”,  contra a concessão dos parques que já conta com mais de 10 mil assinaturas.


Em contrapartida, o secretário Felipe Rigoni defende a concessão dizendo que trará benefícios comerciais e não irá afetar a proteção ambiental. Ainda discorda que seria privatização, mas uma concessão visto as determinações legais. Quanto ao questionamento da falta de diálogo, Rigoni prometeu abrir audiências públicas.


Confira aqui vídeo sobre o assunto.





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