Julho e fim de ano: alerta para o aumento do abandono no Espírito Santo
- Redação

- 21 de jul.
- 3 min de leitura

Por Sabrina S. Santos Leonel
Julho, tradicionalmente conhecido como mês de férias escolares e festas juninas, também se tornou símbolo de um problema crescente no Espírito Santo: o abandono de animais. Segundo informações do CRMV-ES, da Secretaria de Segurança Pública (Sesp-ES), da Polícia Civil do Espírito Santo, da Universidade de São Paulo (USP) e de reportagens do site Olhar Animal, H2FOZ e Notícias Ambientales, esse é um dos períodos com maior índice de abandono de cães e gatos um quadro que se repete também em dezembro, janeiro e fevereiro, nos recessos de fim de ano.
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Casos locais que confirmam a gravidade
Em 14 de julho de 2025, quatro cães foram resgatados em uma residência de Vitória em condições extremas de maus-tratos. Três filhotes foram encontrados mortos, com indícios de canibalismo. A operação foi realizada pela Polícia Civil, com apoio do setor de Bem-Estar Animal da Prefeitura de Vitória (Fonte: Olhar Animal).
O Abrigo Gratto, em Vila Velha, acolhe atualmente quase 200 cães abandonados e enfrenta risco de despejo, superlotação, escassez de ração e dívidas veterinárias (Fonte: Olhar Animal).
Em dezembro de 2024, um homem foi flagrado abandonando oito animais no bairro Mata da Praia, em Vitória caso que impulsionou ações de conscientização da sociedade civil e de órgãos públicos (Fonte: Capixaba Repórter e CRMV-ES).
A Sesp-ES registrou aumento nos casos de abandono em propriedade alheia: 81 ocorrências em 2024, contra 75 no ano anterior. Já os registros de maus-tratos ultrapassaram 370 casos no mesmo ano (Fonte: CRMV-ES).
O canal Disque Denúncia 181 recebeu 1.455 denúncias de maus-tratos a animais em 2025. Os municípios da Grande Vitória lideram os registros: Serra 478, Vila Velha 379, Cariacica 312 e Vitória 185 Fonte: Polícia Civil do ES.
Por que julho e o verão são tão críticos?
Segundo pesquisa da USP, os principais motivos para abandono relatados por tutores incluem:
• Mudança de residência (44%),
• Dificuldades financeiras (30%)
• e doença ou morte do tutor (11%).
Além disso, como mostra reportagem do site Notícias Ambientales, o padrão se repete em outros países da América Latina, como a Argentina, onde o abandono aumenta no verão devido à ausência de castração, à desinformação e à negligência.
No Brasil, essa realidade se agrava com a falta de planejamento dos tutores durante férias e festas, o que transforma o animal em “problema” levando, muitas vezes, ao abandono.
O impacto direto do abandono.:
Os efeitos do abandono são devastadores: fome, doenças, atropelamentos, agressões e sofrimento emocional. Muitos não sobrevivem. Para os que sobrevivem, restam os abrigos superlotados e protetores que, mesmo sem recursos, tentam dar uma segunda chance.
Esse problema também afeta a saúde pública, com o aumento de animais errantes e riscos de zoonoses, como a leishmaniose e a raiva.
O que você pode fazer?
Abandonar animais é crime previsto pela Lei Federal 9.605/98 (Art. 32), com pena de 2 a 5 anos de reclusão, multa e proibição da guarda. Se houver morte do animal, a pena pode aumentar em até 1/3.
Antes de adotar, pense:
• Você poderá cuidar dele nos momentos difíceis, como férias ou mudanças?
• Está disposto a investir em castração, alimentação e cuidados veterinários?
• Adotar é um compromisso com a vida de um ser que sente, sofre e ama incondicionalmente.
É hora de encarar o abandono como uma questão de segurança pública.
Precisamos romper com o ciclo do abandono, e isso exige muito mais do que campanhas pontuais. É urgente que os governos invistam em políticas públicas permanentes de proteção animal, ampliem o acesso à castração gratuita, criem mecanismos de educação em guarda responsável e, principalmente, fortaleçam a aplicação da lei contra maus-tratos.
No Espírito Santo, cresce a necessidade de uma delegacia especializada em crimes ambientais e contra animais, com equipe policial própria, capacitada e em número suficiente para investigar e punir casos com agilidade e seriedade. Hoje, muitas denúncias se perdem por falta de estrutura, e os responsáveis seguem impunes.
Abandono não é acidente. É crime. E combater esse crime é responsabilidade de todos nós.
Fontes utilizadas:
• CRMV-ES: Campanha Dezembro Verde e estatísticas de abandono
• Sesp-ES: Dados oficiais de ocorrências
• Polícia Civil do ES: Disque 181 e ações de resgate
• USP: Pesquisa sobre causas do abandono
• Olhar Animal: Reportagens sobre abrigos e resgates no ES
• Capixaba Repórter: Casos de abandono em Vitória
• Notícias Ambientales (Argentina): Abandono no verão e falta de castração
• H2FOZ: Impactos do abandono e da superlotação em abrigos







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