Urbanismo humanizado: proposta para o Centro de Vitória poderia ser implantada na Prainha

A proposta de requalificação urbana desenvolvida por Murillo Paoli para o Centro de Vitória vai muito além de um exercício visual. Designer gráfico, artista e ativista urbano, Paoli utiliza imagens 3D hiper-realistas para provocar reflexões sobre o futuro das cidades. Seu projeto para o coração da capital capixaba propõe uma revolução silenciosa: transformar ruas dominadas por carros em espaços de convivência, mobilidade ativa e sustentabilidade.

"Do ponto de vista urbanístico, é fundamental identificar os problemas específicos de cada local e buscar as soluções mais adequadas — sempre ouvindo a comunidade envolvida. A proposta que desenvolvemos para o Centro de Vitória pode, inclusive, ser adaptada para outras regiões. Nosso principal objetivo é ampliar o debate sobre mobilidade urbana e a requalificação dos espaços públicos" comenta Paoli.

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Entre os principais eixos da proposta estão:

- Redesenho viário com foco nas pessoas: calçadas largas, ciclovias contínuas e arborização densa substituem avenidas carrocentristas. A ideia é devolver dignidade e segurança a quem caminha, criando espaços de permanência e encontro.

- Transporte coletivo eficiente e limpo: ônibus elétricos e trens de superfície ganham protagonismo, oferecendo alternativas reais à dependência do automóvel e democratizando o acesso à cidade.

- Revitalização do patrimônio histórico: fachadas restauradas, imóveis subutilizados convertidos em moradias e serviços, e incentivo à ocupação do centro como espaço vivo e pulsante.

- Infraestrutura verde e climática: uso de pavimentação drenante, redes subterrâneas de energia e vegetação urbana como resposta direta às mudanças climáticas e à criação de microclimas mais frescos.

- Economia local fortalecida: ruas vivas estimulam o comércio de bairro, geram empregos e promovem o pertencimento dos moradores.

A proposta, embora aplicada inicialmente ao Centro de Vitória, é perfeitamente adaptável a outros territórios históricos da Grande Vitória — especialmente à Prainha de Vila Velha. Com seu valor cultural e paisagístico, a Prainha reúne condições ideais para se tornar um modelo de urbanismo humanizado.

Hoje, a região ainda sofre com o excesso de carros, calçadas estreitas e espaços públicos pouco convidativos. Ao aplicar os princípios de Paoli, a Prainha poderia se transformar em um bairro caminhável, com transporte coletivo eficiente, ciclovias conectadas, arborização estratégica e reocupação dos imóveis históricos. A retirada da fiação aérea e a valorização da paisagem completariam esse novo cenário urbano.

Murillo Paoli reforça que sua proposta é uma provocação — uma experimentação com inteligência artificial — mas também um convite à ação. Imaginar cidades menos carrocentristas e mais voltadas às pessoas é o primeiro passo para construí-las. A Prainha, assim como o Centro de Vitória, pode ser palco dessa transformação.

"É essencial que mais pessoas participem dessas discussões, indo além do ambiente político formal. Precisamos fortalecer o diálogo dentro das associações de moradores, embora saibamos que algumas ainda enfrentam desafios de representatividade e inclusão em relação às demandas reais dos bairros." conclui Murillo.