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Dia do Amigo | Celebrar os laços que sustentam a vida

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Por Marco Antonio da Silva*


Amizade: o afeto que atravessa o tempo e fortalece a alma.


Segundo o Dicionário Aurélio, a palavra “amigo” deriva do latim amicu, e significa “aquele ligado a outrem por laços de amizade”. Já “amizade”, vinda de amicitate, representa um “sentimento fiel de afeição, apreço, estima ou ternura entre pessoas”. Mais que definições, esses significados traduzem o papel essencial que a amizade ocupa na construção das relações humanas e na sustentação emocional ao longo da vida.


O Dia do Amigo, comemorado em 20 de julho, tem origem em um gesto de visão e esperança. Idealizado em 1969 pelo filósofo argentino Enrique Ernesto Febbraro, a data foi inspirada na chegada do homem à Lua, que ele interpretou como uma conquista da humanidade inteira — uma prova de que a união e a colaboração são possíveis entre os povos. A proposta, nascida na Argentina, logo atravessou fronteiras e ganhou espaço na América Latina, especialmente no Brasil.



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Complementando essa celebração, a ONU instituiu o Dia Internacional da Amizade, em 30 de julho, a partir de uma proposta do médico paraguaio Ramón Artemio Bracho, criador da Cruzada Mundial da Amizade. A intenção é clara: valorizar vínculos autênticos como instrumento de paz, solidariedade e respeito entre os povos.

Em tempos de conexões frágeis, amizades sólidas são verdadeiros tesouros.


Apesar de vivermos numa era de hiperconexão digital, os laços humanos muitas vezes se fragilizam. No meio da avalanche de mensagens instantâneas, likes e algoritmos, a presença genuína se torna cada vez mais rara — e, por isso, ainda mais valiosa. Amigos verdadeiros são aqueles que acolhem no silêncio, que compreendem sem precisar de muitas palavras, que celebram nossas vitórias e nos amparam nas dores.



Estudos da psicologia positiva confirmam: amizades sinceras não apenas melhoram nossa saúde emocional, mas aumentam nossa resiliência, autoestima e até mesmo a expectativa de vida. Ter um amigo com quem dividir o fardo dos dias difíceis é um dos pilares de uma existência mais equilibrada e feliz.


Da infância à maturidade: os amigos que moldam quem somos.


Desde os primeiros anos, a amizade desempenha um papel essencial em nosso desenvolvimento. Na infância, os amigos compartilham risos, brincadeiras e descobertas. Na adolescência, dividem sonhos, segredos e rebeldias. Na vida adulta, tornam-se conselheiros, refúgios e espelhos — às vezes, até mais próximos que a própria família.


Há amizades que duram pouco, mas deixam marcas profundas. Outras resistem ao tempo, à distância, às transformações da vida — e tornam-se raízes da nossa identidade. Essas relações nos lembram quem fomos, nos ajudam a entender quem somos e nos inspiram a imaginar quem ainda podemos ser.

Afeto que se cultiva: a intencionalidade da presença.


O Dia do Amigo é, sobretudo, um convite à reconexão. Um lembrete de que demonstrar afeto exige mais do que palavras: exige presença, escuta e disponibilidade. Em tempos de agendas lotadas e rotinas aceleradas, um simples gesto — uma mensagem, uma visita, um “lembrei de você” — pode renovar vínculos e reacender memórias.


Amizade não se sustenta na perfeição, mas na aceitação mútua. É no território seguro da empatia que os amigos se tornam refúgios. Eles conhecem nossas imperfeições — e ainda assim permanecem. Ou talvez, justamente por isso.


O amigo: território humano onde Deus se manifesta.


Mais do que uma construção social, a amizade é uma experiência espiritual. O amigo é o lugar onde Deus se manifesta em forma de cuidado, escuta e presença. Às vezes, nos sentimos profundamente ligados a pessoas que nunca vimos pessoalmente — escritores, pensadores, artistas que, com suas obras, tocaram nossa alma e ampliaram nosso entendimento sobre o mundo. Eles também exercem uma forma de amizade: intelectual, espiritual, transformadora.


A filosofia, cuja raiz philos significa “amizade”, carrega em seu nome essa aliança com o saber. Assim como existem amigos de carne e osso, também há aqueles que nos encontram por meio do conhecimento, da arte, da inspiração.


E há ainda as estruturas que nos sustentam — a escola, o clube, o grupo de fé, a roda de conversa — lugares que, ao facilitarem encontros e vínculos, também se tornam amigos. Tudo aquilo que nos ajuda a dar sentido ao que antes era caos, que nos tira do absurdo e nos devolve ao centro, pode ser chamado de amizade.


Amigos: faróis que iluminam o caminho.


Há momentos na vida em que tudo parece turvo, em que o absurdo toma conta e a solidão ameaça. Nessas horas, amigos se tornam faróis. Eles nos emprestam palavras quando faltam as nossas. Emprestam o ombro, o olhar, a escuta. Fazem com que a vida volte a ter sentido.


É por isso que, hoje mais do que nunca, precisamos resgatar o valor das amizades verdadeiras. Não permita que a superficialidade do mundo digital engula sua capacidade de criar raízes. Raízes não são apenas geográficas — são afetivas. São os amigos que ainda nos conhecem, nos frequentam, nos inspiram. São eles que nos ajudam a entender o significado da vida.


Autoridade afetiva: crescer junto é possível.

Amigos são aqueles que conquistam o direito de tocar o nosso coração — e, com delicadeza, apontar onde estão nossas fragilidades. São guias amorosos que nos ajudam a crescer sem imposição, mas com presença, lealdade e escuta. A amizade verdadeira é uma troca constante de generosidade: dar, receber, cuidar.


Como diz a canção imortalizada por Milton Nascimento:


"Amigo é coisa pra se guardar / Debaixo de sete chaves / Dentro do coração."


Neste 20 de julho, celebre. Envie aquela mensagem guardada, faça aquela ligação esquecida, marque aquele reencontro adiado. A vida com amigos é infinitamente mais leve, mais rica — e, sobretudo, mais humana.


*Prof. Marco Antonio da Silva, mestre em Ciência das Religiões, Licenciado em Filosofia e Pedagogia. kantsophos@bol.com.br


Imagem Freepik




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